quinta-feira, 28 de julho de 2016

Entrevista de emprego por videoconferência


Atualmente, está cada vez mais comum a realização de entrevistas online por meio de videoconferências, que chegam a substituir as entrevistas presenciais, dependendo da empresa. De acordo com pesquisa da Robert Half, empresa de recrutamento especializado, a utilização desse método aumentou em torno de 52% no Brasil nos últimos três anos. E os motivadores são agilidade e diversidade na seleção e diminuição de custos.

As empresas alegam que o método proporciona que candidatos de várias localidades do país e até do exterior participem. Quem é avaliado por meio dessa entrevista, dizem que é o mesmo que participar de uma conversa presencial. No entanto, é preciso ter cuidados básicos para que seja bem-sucedida, entre eles boa conexão na internet e nada de interferências nem no computador nem fora dele.

A Infinity Brazil, empresa que recruta funcionários para trabalhar em navios dentro do país e no exterior, faz a maioria das entrevistas por Skype, por causa do custo menor, já que não precisa haver deslocamentos, e também pela possibilidade de mais opções de concorrentes. “Grande parte dos candidatos é de fora, para justamente poder abranger pessoas de todas as regiões”, diz Marcelo Delbel, gerente de RH da Infinity.

Já o Google, entrevista os candidatos a estágio só por meio de Hangout, ferramenta do Google para fazer videochamadas. Segundo Daniel Borges, gerente de atração de novos talentos, o método beneficia tanto a empresa quanto o candidato. “A nossa empresa é de internet, é natural que a entrevista seja online. O processo remoto tem uma série de benefícios, é um processo dinâmico, adequa a empresa e o candidato, que muitas vezes não precisa dispor de um dia para ir até o local dar a entrevista. Todo o processo de recrutamento dos estagiários é feito por meio de entrevistas por Hangout, tanto com o RH quanto com outras pessoas do time”, diz.

“Não pode atrapalhar a concentração” 

Christiane Silva Pinto, de 22 anos, é estagiária na área de RH do Google desde julho deste ano. Ela diz que fez entrevistas por videoconferência duas vezes – uma delas quando ainda morava na França fazendo intercâmbio. Nesse caso, ela foi aprovada para trabalhar como estagiária em uma revista. Quando surgiu a vaga no Google, também passou pela entrevista por videoconferência. Apesar de cursar jornalismo, ela foi direcionada para a área de recursos humanos porque a empresa avalia durante o processo seletivo as habilidades dos candidatos para as atividades que serão desempenhadas.

“Já tinha feito uma entrevista em 2011 quando ia voltar para o Brasil. Achei igual ou até melhor do que a entrevista presencial pela questão do deslocamento”, diz. Ela explica que tanto quando estava na França quanto como estagiava na editora não poderia participar porque estava longe do local da entrevista. “Ia perder a oportunidade por uma questão de deslocamento. No caso do Google, consegui fazer a entrevista de forma discreta, em casa, não precisei sair da editora para ir até a empresa”, diz.

Para esse tipo de entrevista, é preciso ter uma conexão de internet boa e estável, conectar meia hora ou até 15 minutos antes para ver se a luz está boa, se a câmera está normal, e deixar a ferramenta do chat online aberta. Quando se aproxima o horário da entrevista, o candidato deve sentar-se em frente ao computador e aguardar o entrevistador entrar em contato. Em relação à roupa, é uma questão de bom senso. Use roupas discretas, não necessariamente formais. Em relação ao lugar, é recomendado que não haja barulho, que a luz do local seja boa e que não tenha obstáculos para atrapalhar a concentração.

A entrevista é semelhante à presencial e é preciso se comportar da mesma forma. Christiane diz “Não pode dar a entender que você está lendo outra janela. Tudo bem que a pessoa não está ali na sua frente, mas preste atenção nela para entender bem as perguntas. Deve-se ficar off-line de programas que podem atrapalhar, deixe só o programa do chat ligado. Não deixe as pessoas entrarem no local que você está. Dá para perceber que você não está 100% focado se ficar olhando em outros locais do computador ou desviar o olhar para outro ponto que não o próprio computador”, diz.

“Não tem mistério!” diz Rislei de Oliveira Furtado, de 34 anos, que está concorrendo a uma vaga em um cruzeiro. Ele fez uma entrevista online com a Infinity e aguarda resposta. Ele dá aulas de inglês e trabalha com hotelaria. “Já tinha feito esse tipo de entrevista para uma companhia aérea. Qualquer um que sabe usar essas ferramentas consegue, já tive oportunidade de morar fora e era por essa ferramenta que eu falava com amigos e familiares”, diz.

Furtado diz que a entrevista pelo Skype o deixa até menos nervoso e diz que é como uma entrevista presencial. Ele se arruma da mesma forma como se estivesse indo para o escritório do selecionador. “Fico de calça e camisa social, cinto e gravata, engomadinho como a situação pede, porque é como qualquer outra entrevista de emprego. Tem que mostrar a melhor imagem, estou ali vendendo meu peixe, tem que pensar no cargo”, diz. Por se considerar “ansioso e inseguro”, um dia antes da entrevista com a Infinity, falou com amigos online e testou seu Skype. “E no dia da entrevista falei com outro amigo na Europa também para testar e estava funcionando perfeitamente”, conta.

Uma dica dada por ele é que, depois que passou a fazer entrevistas por videoconferência, retirou o apelido que tinha no Skype deixando nome e sobrenome e mudou a foto do perfil para algo mais profissional.


500 entrevistas por mês

De acordo com Marcelo Delbel, gerente de RH da Infinity Brazil, 80% das entrevistas são por Skype e 20% são presenciais. Após os candidatos passarem pela entrevista na empresa, os diretores das companhias americanas e europeias fazem a entrevista também via Skype. O Brasil não tem companhia de cruzeiro, mas as empresas de fora têm forte participação no mercado nacional e muitas têm representantes no país. “Nós pré-selecionamos e depois passamos para os gestores das companhias”, diz. Marcelo Delbel entrevista uma média de 500 pessoas por mês – a maior demanda é de abril a novembro, para a temporada brasileira, que começa em outubro. Todas as entrevistas são feitas em inglês e cada uma é feita por apenas um selecionador.

Para a entrevista com a companhia, Delbel recomenda que a conexão, câmera e áudio sejam testados com antecedência. Além disso, é importante ter o currículo impresso à mão em caso de alguma pergunta sobre a experiência e o tempo em cada posição desempenhada, além da roupa, que deve ser social e escura, sem ser decotada, e da maquiagem, que deve ser leve. O fato de o local ser simples não importa, mas o que devem ser evitadas são as interferências externas, como pessoas passando pelo local durante a entrevista.

De acordo com Marcelo Delbel, a empresa verifica o nome do usuário usado na ferramenta, o email e também a foto. “Algo como gostodefumar@gmail.com não é indicado. No pessoal até pode, mas na hora da entrevista é melhor algo mais formal. Foto usando maiô ou fazendo gesto obsceno, por exemplo, não é recomendado”, diz.

Delbel conta que um dia entrevistou um candidato sem camisa. “Foi reprovado, não fui muito longe na entrevista, mas não dei sermão. Tinha um outro que estava falando no carro, como passageiro, não motorista”.

O tempo de duração não indica se o candidato foi bem ou não: “Depende do candidato. Tem vagas que precisam de mais questionamento e tem os candidatos que gostam mais de falar. As perguntas feitas são as mesmas da entrevista presencial”, diz.

Segundo Delbel, o que mais reprova os candidatos é a não fluência em inglês: “Uma coisa é falar que fala, e outra é realmente falar”, diz. Ele diz que as empresas pedem foto do candidato de corpo inteiro porque em algumas funções a aparência é importante. “No Skype fica limitado do ombro para cima”, diz.

Diversidade de concorrentes

Desde 2011, o Google vem desenvolvendo esse processo seletivo por videoconferência, segundo Daniel Borges, gerente de atração de novos talentos, “com muito sucesso”. Ano passado, dos 30 aprovados para fazer estágio, 11 não eram de São Paulo e um morava na Rússia, que foi entrevistado lá, passou e foi trabalhar na capital paulista. De acordo com Borges, o Google consegue atingir um grupo maior de pessoas que participam do processo seletivo e dá comodidade para o candidato, além de proporcionar diversidade de concorrentes. “A gente consegue atingir um grupo que não estaria disponível para vir, aí tem gente do mundo inteiro”, afirma.

“A única exigência é que o candidato tenha internet, e é a mesma regra da presencial. O ambiente deve ser tranquilo para a entrevista poder fluir. E as perguntas também são as mesmas. Mas não prestamos atenção ao visual, é só para mensurar as competências do candidato, não para aspectos secundários como o visual ou gestos. É a relação olho a olho que interessa. Não verificamos o local também, o candidato pode fazer a entrevista onde bem entender, pode até ser em lan house, na universidade, só as competências que importam”, enfatiza Borges. Segundo ele, não pega bem o candidato ficar consultado informações para responder às perguntas. “A regra da entrevista online é a mesma da presencial, seria estranho o candidato ficar consultando as informações de seu currículo durante a entrevista. Espera-se que saiba tudo para responder”, diz.

Daniel Borges diz que o candidato só precisa da conta no Google. “O nome é o mesmo na ferramenta, não interessa se há apelido e sim a história de vida e profissional do candidato”, afirma. A entrevista é estruturada para durar 30 a 45 minutos, e o selecionador tem um check-list do quem precisa ser falado e do que será perguntado. A entrevista é feita por apenas um selecionador.

Segundo ele, o que costuma eliminar o candidato independe do tipo de entrevista. É observado se o candidato tem adequação à cultura da companhia, se a trajetória corresponde ao que a empresa espera, se os conhecimentos são os esperados. “Acontece de acabar a entrevista e já sabermos se a pessoa se encaixa no perfil da vaga, mas sempre fazemos reunião para falar sobre os candidatos”, explica.

 

Veja agora 10 dicas para se sair bem numa entrevista em video


1) Programe-se
Antes da entrevista, confirme com o entrevistador o e-mail e o adicione antecipadamente. Planeje-se para estar conectado no horário.

2) Teste o seu equipamento
Teste a câmera, o microfone e a conexão da internet - evite que a entrevista seja interrompida ou se atrase por conta de algum problema técnico na sua máquina.

3) Feche os outros programas
Não deixe outro programa aberto no seu computador além do serviço de chat online para não atrapalhar a velocidade da internet e nem fazer com que você desvie sua atenção da entrevista.

4) Procure um lugar tranquilo e silencioso
Esteja conectado em local silencioso, sem bagunça e sem interferência de outras pessoas ou animais de estimação.

5) Escolha um fundo 'clean’
Evite ficar em local com muitos objetos ao fundo, como quadros ou estantes cheias de livros.

6) Vista-se adequadamente
Apesar de sua imagem aparecer só da cintura para cima, vista-se com o traje de acordo com a vaga e a empresa. Dependendo do cargo, o ideal é usar camisa social, com atenção à gola, que deve estar arrumada. No caso de mulheres, evite decotes e acessórios chamativos.

7) Use roupas discretas
Use roupas discretas, de cores sóbrias e sem brilho. Sem decotes para mulheres. Se optar por maquiagem, deve ser discreta.

8) Escolha um login com um nome 'profissional’
Tenha cuidado com o nome de usuário no serviço online: o ideal é ter uma conta só para contatos profissionais, com o nome e sobrenome ou com as iniciais.

9) Seja profissional
Mantenha sempre a postura profissional que você teria se estivesse em uma entrevista ao vivo.

10) Lembre-se: você está sendo filmado!
Demonstre segurança ao conversar, articule bem as palavras e preste atenção na sua postura.



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Por: Marta Cavallini para o G1

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