São Paulo - Um dos debates
mais quentes do momento no mundo econômico é se a tecnologia terá um efeito destrutivo sobre os empregos.
Mais da metade das vagas na União Europeia corre
o risco de sumir nas próximas décadas, de acordo com o Think Tank Bruegel. O
número é parecido nos Estados Unidos, diz
outro estudo da Universidade de Oxford.
Uma pesquisa com 1.896 experts
em tecnologia mostra que eles estão bem divididos sobre o que a automatização
pode fazer com o mercado de trabalho.
No livro "A Segunda Era das Máquinas", Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee dizem que um ponto de inflexão foi atingido e deve levar a uma mudança econômica equivalente à Revolução Industrial.
Para um trio de economistas da empresa de consultoria Deloitte, o debate pendeu demais para o lado negativo porque os efeitos criativos da mudança tecnológica são indiretos e imprevisíveis e acontecem ao longo de grandes períodos.
"Quem poderia prever há 60 anos, por exemplo, o papel que lojas de
café, academias e a telefonia móvel teriam nas nossas vidas no começo do século
XXI?", perguntam os autores Ian Stewart, Debapratim De and Alex Cole
em um novo estudo. Eles tomam como base o censo da Inglaterra e do País de
Gales desde 1871 e notam a evolução do número de pessoas empregadas em cada
profissão ao longo do tempo - e as mudanças são brutais. Entre 1871 e hoje, a
proporção de trabalhadores agrícolas caiu de 6,6% para 0,2% do total. Entre
1901 e 2011, o número de pessoas empregadas em "lavar roupa" foi de
200 mil para 35 mil (enquanto a população total quase dobrava).
Mas há hoje 20 vezes mais
contadores e 26 vezes mais enfermeiros profissionais no país do que em 1871. O
número de trabalhadores em bares quadruplicou só entre 1951 e 2011.
Moral da história: a
produtividade e a tecnologia eliminam setores inteiros, mas no processo puxam
para baixo o custo de bens e serviços, liberando renda disponível para os
consumidores alimentarem novos setores que nem existiam antes.
"Quando uma máquina substitui um humano, o resultado,
paradoxalmente, é crescimento mais rápido e em tempo, aumento do nível de
emprego (...) Não podemos prever os empregos do futuro, mas acreditamos que
eles continuarão sendo criados, melhorados e destruídos como aconteceu nos
últimos 150 anos".
Outros especialistas
discordam. De acordo com Jeremy Rifkin, o capitalismo atual baseado em
informação tende ao custo marginal zero e isso se tornará incompatível com o
mercado.
A pergunta principal continua
sendo: até que ponto o futuro reproduz o
passado? E essa nenhum robô (ou estudo) pode responder.
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Por: João Pedro Caleiro, de EXAME.com
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